Orquidopexia com cura cirúrgica de hérnia

"A orquidopexia na criança, para tratamento de testículo retido, é um procedimento que envolve, para além da pexia do testículo, uma dissecção e reposição da anatomia do peritoneu herniado. Portanto, defendem os cirurgiões que a complexidade do tratamento vai mais além do que o simples tratamento do testículo retido: há uma reparação de hérnia a qual não é clinicamente visível.
Defendem então que devem ser pagos dois procedimentos.
Ora só há lugar ao pagamento de dois GDHs quando as unidades nosológicas são independentes, isto é, existe testículo retido e uma hérnia inguinal e trata-se uma e outra unidades nosológicas. Consequentemente paga-se 100% do GDH mais valioso e 45% do segundo.
Esta codificação está correta?"

(Responde Fernando Lopes)
 
Não.
Aqui a Unidade Nosológica (UN) é uma: a persistência do canal peritóneo-vaginal, com a consequência, neste caso, da retenção do testículo e da hérnia inguinal indireta.
Segundo o Manual do SIGIC não são considerados independentes os "Procedimentos interdependentes agregados a um quadro sinóptico coeso representado por uma patologia única".
E também:
"Cirurgias realizadas através de uma abordagem incisional única podem ser consideradas independentes quando dirigidas a estruturas distintas, desde que visem responder a problemas independentes (que podem surgir autonomamente), como é o caso de:
i. Colecistectomia + reparação de hérnia do hiato;
ii. Reparação de mais que uma válvula cardíaca;
iii. Reparação de válvula cardíaca + Bypass coronário (...)"

Mais:
"Os procedimentos da UN secundária são necessariamente independentes dos da UN principal e de outras secundárias e, não obstante poderem ser executados num mesmo episódio cirúrgico, devem poder ser executados em episódios cirúrgicos distintos".
Ora não faria qualquer sentido, segundo as boas práticas médicas, realizar hoje a orquidopexia e depois chamar de novo o doente para, num segundo episódio, reparar a hérnia!
 
Fernando