: Dúvida
Página 1 de 1
: Dúvida
(Responde Fernando Lopes)
Há uma falha importante neste 'enunciado' (documentação clínica): o diagnóstico com que a doente foi internada.
Possivelmente seria um diagnóstico provável de metástase peritoneal. Se assim fosse era esse diagnóstico (possível, provável, ainda em estudo) que se codificaria como principal (Uncertain Diagnosis: ICD-10-CM Official Guidelines for Coding and Reporting, FY 2019, Page 109 of 120).
Na ausência desse diagnóstico clínico provável, há um 'implante peritoneal' para codificar e um código possível será K66.8 Other specified disorders of peritoneum.
A história pessoal de neoplasia maligna do colo do útero e do cólon (ou do reto) deverão sempre codificar-se, neste caso, como diagnósticos adicionais.
Discussão de outras hipóteses:
1. Achado anormal (R93.5 Abnormal findings on diagnostic imaging of other abdominal regions, including retroperitoneum)
O implante peritoneal, que terá sido encontrado num exame de imagem abdominal, só deveria ser codificado se o médico indicasse o seu significado clínico. E, como decidiu pedir uma biópsia, o médico deveria ser mesmo ser interrogado... (Abnormal findings: ICD-10-CM Official Guidelines for Coding and Reporting, FY 2019, Page 111 of 120). Lendo esta Guideline verificámos como estamos longe duma boa documentação clínica...
2. Metástase peritoneal
Esta hipótese só faz sentido se o médico a tiver documentado (registado) como diagnóstico provável.
3. Procedimento não realizado por outras razões (Z53.8 Procedure and treatment not carried out for other reasons)
Este código, para além de não fazer sentido como diagnóstico principal, também não é adequado para explicar uma dificuldade técnica ('falta de trajeto'). Reparemos que a categoria Z53 contempla essencialmente as situações de contraindicação, de decisão do doente, e de conversão de cirurgia percutânea em cirurgia aberta. Não contempla a situação de procedimento não conseguido.
É outra falha da informação clínica disponibilizada: o procedimento foi iniciado e, depois, abandonado por não se ter conseguido um trajeto seguro até ao local do implante ou, após o exame do doente e da análise das imagens (ecografia), foi decidido não o realizar?
No primeiro caso não penso que se deva codificar 'procedimento não realizado'.
No segundo caso pode fazer sentido codificar 'procedimento não realizado por contraindicação'.
Esta questão, refere-se à codificação dum diagnóstico adicional e não responde ao problema da seleção do diagnóstico principal.
4. Procedimento
A codificação do procedimento é impossível sem mais informação.
Se não foi sequer iniciado, por decisão de não realização após exame do doente e das imagens, não é codificado.
Se foi iniciado e, depois, abandonado, deve codificar-se o que foi realizado, nem que seja apenas a inspeção da parede abdominal (Guideline B3.3 Discontinued or incomplete procedures: ICD-10-PCS Official Guidelines for Coding, and Reporting, 2019, p.5).
A introdução da agulha de biópsia até ao peritoneu por si só não permite a codificação de inspeção do peritoneu por via percutânea. Isso só seria possível se tivesse sido por laparoscopia...
E a 'inspeção' por ecografia codifica-se apenas como exame de imagem.
Mais argumentação será bem vinda
Há uma falha importante neste 'enunciado' (documentação clínica): o diagnóstico com que a doente foi internada.
Possivelmente seria um diagnóstico provável de metástase peritoneal. Se assim fosse era esse diagnóstico (possível, provável, ainda em estudo) que se codificaria como principal (Uncertain Diagnosis: ICD-10-CM Official Guidelines for Coding and Reporting, FY 2019, Page 109 of 120).
Na ausência desse diagnóstico clínico provável, há um 'implante peritoneal' para codificar e um código possível será K66.8 Other specified disorders of peritoneum.
A história pessoal de neoplasia maligna do colo do útero e do cólon (ou do reto) deverão sempre codificar-se, neste caso, como diagnósticos adicionais.
Discussão de outras hipóteses:
1. Achado anormal (R93.5 Abnormal findings on diagnostic imaging of other abdominal regions, including retroperitoneum)
O implante peritoneal, que terá sido encontrado num exame de imagem abdominal, só deveria ser codificado se o médico indicasse o seu significado clínico. E, como decidiu pedir uma biópsia, o médico deveria ser mesmo ser interrogado... (Abnormal findings: ICD-10-CM Official Guidelines for Coding and Reporting, FY 2019, Page 111 of 120). Lendo esta Guideline verificámos como estamos longe duma boa documentação clínica...
2. Metástase peritoneal
Esta hipótese só faz sentido se o médico a tiver documentado (registado) como diagnóstico provável.
3. Procedimento não realizado por outras razões (Z53.8 Procedure and treatment not carried out for other reasons)
Este código, para além de não fazer sentido como diagnóstico principal, também não é adequado para explicar uma dificuldade técnica ('falta de trajeto'). Reparemos que a categoria Z53 contempla essencialmente as situações de contraindicação, de decisão do doente, e de conversão de cirurgia percutânea em cirurgia aberta. Não contempla a situação de procedimento não conseguido.
É outra falha da informação clínica disponibilizada: o procedimento foi iniciado e, depois, abandonado por não se ter conseguido um trajeto seguro até ao local do implante ou, após o exame do doente e da análise das imagens (ecografia), foi decidido não o realizar?
No primeiro caso não penso que se deva codificar 'procedimento não realizado'.
No segundo caso pode fazer sentido codificar 'procedimento não realizado por contraindicação'.
Esta questão, refere-se à codificação dum diagnóstico adicional e não responde ao problema da seleção do diagnóstico principal.
4. Procedimento
A codificação do procedimento é impossível sem mais informação.
Se não foi sequer iniciado, por decisão de não realização após exame do doente e das imagens, não é codificado.
Se foi iniciado e, depois, abandonado, deve codificar-se o que foi realizado, nem que seja apenas a inspeção da parede abdominal (Guideline B3.3 Discontinued or incomplete procedures: ICD-10-PCS Official Guidelines for Coding, and Reporting, 2019, p.5).
A introdução da agulha de biópsia até ao peritoneu por si só não permite a codificação de inspeção do peritoneu por via percutânea. Isso só seria possível se tivesse sido por laparoscopia...
E a 'inspeção' por ecografia codifica-se apenas como exame de imagem.
Mais argumentação será bem vinda
amaral bernardo- Mensagens : 322
Data de inscrição : 19/12/2016
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
Qua 27 Mar 2024, 17:57 por Nuno Pelicano
» CODEX - Campanha Promocional [Até 30 de Junho de 2021]
Seg 21 Jun 2021, 18:29 por CODEX
» Otimização das funções de pesquisa
Dom 13 Jun 2021, 09:13 por lopes dos santos
» Proposta de Criação de divisão em áreas/especialidades
Qui 27 maio 2021, 12:06 por lopes dos santos
» Proposta de Zona de "Desafio de Codificação"
Ter 18 maio 2021, 16:46 por lopes dos santos
» dúvida
Sex 30 Abr 2021, 13:18 por ameliavieira@ua.pt
» TESTE EXP
Qua 28 Abr 2021, 09:19 por lopes dos santos
» Novo Administrador
Sáb 10 Abr 2021, 11:39 por lopes dos santos
» Bom dia, novamente
Seg 05 Abr 2021, 11:45 por lopes dos santos
» CODEX - Relançamento do Site (PROMOÇÃO)
Ter 07 Jul 2020, 23:55 por CODEX
» hemorroidopexia de longo
Sex 29 Nov 2019, 11:46 por ameliavieira@ua.pt
» Procedimentos em fístulas perianais
Qui 28 Nov 2019, 15:36 por ameliavieira@ua.pt
» GERADOR DE PULSO PARA NERVO VAGO
Sex 25 Out 2019, 12:38 por Vitor Jorge W Brasil
» Além Mar
Qua 23 Out 2019, 17:34 por Vitor Jorge W Brasil
» Resposta histológica completa pós QRT
Qui 12 Set 2019, 06:31 por amaral bernardo
» Conflito femoroacetabular
Ter 10 Set 2019, 06:34 por amaral bernardo
» Tromboembolismo pulmonar pós-operatório
Qui 05 Set 2019, 06:59 por amaral bernardo
» Grávida admitida para substituição de duplo J calcificado
Qua 04 Set 2019, 06:43 por amaral bernardo
» laqueação do canal peritoneo-vaginal
Qua 04 Set 2019, 06:40 por amaral bernardo
» Infliximab
Qua 04 Set 2019, 06:39 por amaral bernardo